segunda-feira, 12 de abril de 2010

Repressão do Estado durante a ditadura militar

Não obstante o fato de a imprensa se ter mantido até certo ponto livre e ser possível recorrer ao instrumento jurídico do habeas corpus, os poderes excepcionais obtidos por meio do Ato Institucional foram utilizados duramente contras as organizações que se haviam destacado na luta a favor das reformas, no governo João Goulart.

As organizações trabalhistas, como o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), foram as mais visadas pela repressão. Contra as organizações vinculadas às Ligas Camponesas, no Nordeste sobretudo, a repressão foi das mais violentas. Além dessas, a União Nacional dos Estudantes (UNE) foi dissolvida e seu prédio incendiado. A instituição universitária foi atingida mediante a punição de professores e alunos. A Universidade de Brasília, concebida por Darci Ribeiro e considerada um modelo de instituição progressista pelos seus edificadores e um foco subversivo pelos militares, foi invadida. Os partidos de esquerda, como o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e a Organização Revolucionária Marxista-política Operária – ORM - POLOP, foram igualmente perseguidos.
De modo geral, as medidas punitivas atingiram amplas camadas, tais como parlamentares, juízes, membros das forças armadas e funcionários públicos federais, estaduais e municipais.
Considerados corruptos ou subversivos, vários parlamentares tiveram seus mandatos cassados. Nos dias 10, 11 e 14 de abril saíram as primeiras listas dos punidos. Nelas figuravam os nomes de João Goulart, Jânio Quadros, Leonel Brizola, Max da Costa Santos, Neiva Moreira, Rubens Paiva, Paulo de Tarso, Almino Afonso, Francisco Julião, Abelardo Jurema, Darci Ribeiro, Celso Furtado, Edmar Morel, Ãnio Silveira e muitos outros.