segunda-feira, 12 de abril de 2010

O novo sindicalismo


Conquanto a prática política do governo permanecesse assentada nos instrumentos arbitrários, a anunciada intenção de promover a distensão provocou o despertar da sociedade civil, exigindo a aceleração do processo de redemocratização. A decretação do "Pacote de Abril", em aberta contradição com os objetivos propostos, gerou manifestações da sociedade civil cada vez mais desassombradas.

Às entidades tradicionais e bem conhecidas na sua luta pelo estado de direito, somaram-se entidades novas que se foram organizando em função dos atos arbitrários do regime militar. Portanto, junto à Ordem dos Advogados do Brasil e à Associação Brasileira de Imprensa, passaram a lutar pela democratização a Associação Brasileira para o Progresso da Ciência, o Comitê Brasileiro pela Anistia e as Comunidades Eclesiais de Base, estas últimas exprimindo o inconformismo da Igreja e dos católicos contra o estado de coisas. Ao mesmo tempo, nova geração de estudantes que não haviam vivido as lutas de 1968 começam a se organizar tentando reconstruir a UNE. Embora a perseguição policial continuasse, como a violentíssima invasão da PUC de São Paulo perpetrada pelo coronel Erasmo Dias, secretário de Segurança do Estado, em setembro de 1977, o movimento só tendia a se ampliar.
No setor operário, o mesmo fenômeno acontecia. Inviabilizada a luta trabalhista através de grandes sindicatos, a classe operária passou a se organizar dentro das fábricas, concentrando suas reivindicações na esfera trabalhista strictu sensu. Simultaneamente, foram brotando novas lideranças afins com o novo tipo de sindicalismo. Dentre elas, a mais importante foi a liderança de Luís Inácio da Silva, surgida no ambiente operário da região do ABC de São Paulo. Sua imagem se projetou nacionalmente quando, em 1977, liderou uma greve por reposição salarial, provando, por meio de documentos do Banco Mundial e do DIEESE, que o governo havia falsificado os índices inflacionários, ludibriando os trabalhadores. No ano seguinte de 1978, reeleito para a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, liderou nova greve envolvendo cerca de 150 mil metalúrgicos, o primeiro grande movimento grevista de âmbito nacional desde 1968.
Fonte: Enciclopédia de história do Brasil