segunda-feira, 12 de abril de 2010

O milagre econômico


O período governativo do presidente Médici foi marcado por um fabuloso crescimento econômico, conhecido como o "milagre brasileiro". Um epíteto que remetia aos milagres japonês e alemão ocorridos no segundo pós-guerra, e que transformava o Brasil numa potência emergente.

Tal crescimento começou a se desenhar no ano de 1968, quando a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto – PIB alcançou a marca de 11,2%. A partir de então, os números foram os seguintes: 1969, 10,0%; 1970, 8,8%; 1971, 13,3%; 1972, 11,7%; e 1973, 14,0%.
A indústria automobilística se constituiu na vanguarda do processo de crescimento industrial, sendo acompanhada de perto pela indústria da construção civil. A primeira cresceu entre 1968-73 à taxa média de 13,3% ao ano, e a segunda alcançou a marca de 15% ao ano. Embora o crescimento da agricultura não tenha se dado com o mesmo ímpeto, não deixou, porém, de crescer. No mesmo período acima apontado, a agricultura obteve a taxa média anual de 4,5%, enquanto o crescimento populacional ficava na casa dos 3,0%.
Em boa medida, tal crescimento se deveu ao grande volume de investimentos estrangeiros, aos investimentos realizados pelo Estado e à expansão do crédito que lançou no mercado uma classe média bem remunerada. Essa foi época da expansão imobiliária, concedendo facilidades à classe média para a aquisição da casa própria, e dos grandes shopping centers, os quais apresentavam abundância de novos produtos eletrodomésticos.
O "milagre econômico" consagrava a política econômica do ministro Delfim Neto de tipo produtivista, que se fazia em detrimento do chamado modelo distributivista. Isto é, prevalecia a tese do ministro segundo a qual para haver distribuição do crescimento entre todas as camadas da população era necessário, em primeiro lugar, aguardar o crescimento do bolo. Mais tarde, sim, poder-se-ia, então, dividi-lo. Desse modo, o crescimento se fez à base de uma brutal concentração da renda, cujo anverso foi um processo de exclusão do mercado da maioria da população.