terça-feira, 13 de abril de 2010

A crise no governo Jango

O ano de 1963 foi marcado por uma forte tensão social, pontuada por várias crises. Tanto a esquerda como a direita, na luta a favor e contra as Reformas de Base, confrontaram-se todo o tempo, sem que o governo conseguisse exercer qualquer controle sobre a situação.

Em maio, os sargentos das três Armas se revoltaram, em Brasília, por não terem suas reivindicações atendidas. Ao mesmo tempo, Leonel Brizola e o general Muricy se agrediram verbalmente, em Natal, no contexto da campanha de Brizola contra o imperialismo. Em setembro, mais uma revolta de sargentos da Marinha e da Aeronáutica, insatisfeitos com a decisão do Supremo Tribunal Federal em lhes recusar direitos políticos. Ainda nesse mês, Carlos Lacerda foi advertido pelos ministros militares do teor da entrevista por ele concedida a um jornal americano, considerada ofensiva à imagem das Forças Armadas.
Ademais, a agitação no campo promovida pelas Ligas Camponesas se intensificou, verificando-se movimentos de invasão de terras. Por outro lado, a rejeição pelo Congresso da emenda constitucional que autorizava a desapropriação de terras sem indenização prévia inflamou ainda mais os ânimos.
Face esse quadro conturbado, João Goulart, em outubro, solicitou ao Congresso a decretação do estado de sítio, para tentar restabelecer a ordem. A recusa do Congresso em atendê-lo o indispôs com a esquerda, que interpretou o pedido como uma vacilação política que comprometia o projeto das reformas.
A classe operária, por sua vez, multiplicava os movimentos grevistas. Ante a evidente má vontade do empresariado em cooperar para o sucesso do Plano Trienal e a elevação do índice de inflação, o operariado se recusou a assimilar as perdas salariais, exigindo pronta reposição do poder de compra.
Assim, no final de 1963, o quadro político era de confronto, tendo, inclusive, os proprietários de terras se armado para enfrentar a reforma agrária.