quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A eleição de Dilma Roussef segue o fluxo da história


A ascensão de Dilma Roussef a presidência da República não pode ser desconectada de todo um contexto específico da história da América Latina. Durante a segunda metade do século XX, alguns países latino americanos sofreram com uma intervenção militar apoiada primeiramente pelas elites, com apoio total dos Estados Unidos. Vivia-se a guerra fria e o medo que o comunismo chegasse ao coração dos povos do continente americano fez com que governos ditatoriais calassem a voz dos que eram contra a repressão.
Surgiram grupos guerrilheiros que lutavam contra a ditadura militar e Dilma foi membro ativo deles como POLOP (Política operária), COLINA (Comando de Libertação Nacional) e VAR Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária). A luta armada foi derrotada e a nossa presidente eleita sofreu os horrores da tortura durante três anos.
A partir da década de 80, as ditaduras vão perdendo fôlego e no Brasil a memória da luta armada foi reconstruída a partir de uma perspectiva democrática contra a repressão da ditadura. Isso fez com que os ex-guerrilheiros ganhassem o status de defensores da democracia, sendo fundamentais na construção do Brasil contemporâneo.
A vitória de uma ex-guerrilheira consolida a diretriz democrática que o Brasil seguirá e abrirá espaço para as discussões acerca da abertura dos arquivos da ditadura militar e, conseguentemente, a punição dos possíveis culpados pelas atrocidades cometidas.