sexta-feira, 9 de abril de 2010

O movimento estudantil durante a Ditadura Militar



O ano de 1968 foi marcado pela rearticulação do movimento estudantil ao redor da União Nacional dos Estudantes (UNE). Suas reivindicações concentravam-se no aumento das verbas para as Universidades, na solução do problema dos "excedentes" do vestibular e, principalmente, na anulação dos acordos MEC - USAID, pelos quais pretendia-se privatizar as universidades públicas segundo o modelo americano.
Para essas campanhas, utilizava-se a tática dos comícios-relâmpagos. Na medida, porém, em que esses comícios foram sendo bem sucedidos, o entusiasmo foi aumentando e logo deram lugar a grandes passeatas, principalmente no Rio de Janeiro. Numa dessas manifestações, onde se reclamava do preço e da qualidade da comida servida no restaurante do Calabouço, destinado a alimentar estudantes sem recursos, a Polícia Militar chegou atirando e matou instantaneamente Edson Luís, um jovem de 16 anos, no dia 28 de março de 1968.
O assassinato de Edson Luís provocou a indignação geral. Seu sepultamento reuniu centenas de milhares de pessoas. O caixão desceu sepultura ao som do Hino Nacional, da Valsa do Adeus e da Marseillaise. Com a solidariedade da população da cidade, os presentes ao cemitério ouviram o juramento dos estudantes: "Neste luto, a luta começou".
A missa de sétimo dia foi marcada para a manhã do dia 4 de abril de 1968 na Igreja da Candelária. Reuniu cerca de trinta mil pessoas. Na saída da catedral os fiéis foram surpreendidos com um violento ataque da cavalaria, que não distinguiu sexo nem idade. O massacre só não se consumou devido à enérgica intervenção dos clérigos, que intimidou os cavalarianos.
Assim, à insatisfação de trabalhadores, de parlamentares e de estudantes somou-se a da classe média, que não conseguia atinar com as razões da brutalidade das forças de segurança contra elementos da própria Igreja Católica.
Essa soma de descontentamento tornou-se explícita e corporificou-se na Comissão de Frente da grande passeata realizada na área central do Rio de Janeiro: um representante de setores profissionais, dois representantes dos estudantes, um do Movimento das Mães pela Anistia e um padre representando a Igreja Católica. A enorme passeata pacífica, logo conhecida como a dos "Cem Mil", realizou-se no dia 25 de junho de 1968, sem a intervenção da polícia.

Fonte: Enciclopédia de história do Brasil